INÍCIO DA COP30 EM BELÉM: ESPERANÇA GLOBAL ENCONTRA CRÍTICAS E OBSTÁCULOS


Na manhã desta segunda-feira (10), deu oficialmente início em Belém (PA) a 30.ª edição da grande conferência internacional sobre clima, a COP30. Países de todo o mundo — governos, organizações da sociedade civil, comunidades indígenas — se reunirão entre 10 e 21 de novembro, para discutir o rumo da ação climática nos próximos anos. Mas, junto com as expectativas, uma série de problemas e desafios ameaçam comprometer a credibilidade e a efetividade do encontro.

Pela primeira vez sediada no Brasil, o evento acumula críticas e desperta questionamentos sobre a capacidade do país de conduzir uma conferência ambiental de alcance global. O clima é de apreensão com a infraestrutura precária da cidade - sede e o descompasso entre discurso e prática na política ambiental do governo federal geram desconfiança entre participantes e observadores.

Na imprensa internacional, as críticas variam desde o aumento dos valores de hospedagem, registrando elevadíssimos preços em cafés, restaurantes, serviços auxiliares e a falta de estrutura urbana até questionamentos sobre a coerência das ações brasileiras.

O coquetel de gala – festa com convidados que não apareceram

Na noite de quinta-feira (6 de novembro), durante a Cúpula de Líderes — etapa preparatória da COP30 — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Rosângela “Janja” da Silva promoveram um coquetel de recepção aos “chefes de Estado e delegações”, conforme figurava na agenda oficial. 

O evento contou com ambientação temática imersiva: luzes azuis e violetas, telões exibindo imagens da Amazônia e ribeirinhos, som de lambada paraense, e pratos da culinária amazônica assinados pelo chef paraense Saulo Jennings, como pirarucu e filhote servidos em cuias. 

Entretanto, o que era pensado como recepção diplomática se transformou em constrangimento: conforme reportagens, nenhum chefe de Estado estrangeiro compareceu ao coquetel. Um convite amplo, uma ambientação sofisticada, e um resultado vazio. 

O evento iniciou com quase duas horas de atraso e contou com a presença principalmente de ministros e aliados políticos, não dignatários internacionais como previsto. 

Esse descompasso entre expectativa e realidade reflete uma fragilidade no planejamento ou no engajamento — num momento em que a imagem internacional do Brasil e da COP30 está em pauta.

O que há de positivo

A escolha de Belém, na Amazônia, como sede da COP30 traz um importante símbolo: a região exerce papel crucial no equilíbrio climático global.

A conferência representa uma nova oportunidade para se renovar o compromisso internacional — dez anos após o Acordo de Paris — e para se mobilizar esforços sobre adaptação, financiamento climático e justiça ambiental. 

Há chamadas renovadas para que as grandes potências assumam responsabilidades de financiamento e liderança no combate às mudanças climáticas. 

 Principais pontos negativos

Apesar das boas intenções, a COP30 enfrenta críticas contundentes em diversos fronts. A seguir, os principais pontos que merecem atenção:

1. Acessibilidade e inclusão ameaçadas

A localização de Belém e a infraestrutura disponível colocam em risco a participação plena de países vulneráveis e de organizações da sociedade civil. 

Há custo elevado para hospedagem e transporte. Por exemplo, pesquisadores e delegados apontaram que as tarifas de alojamento subiram consideravelmente. 

Organizações de países do Sul global relatam que, frente aos custos, podem ter de reduzir presença ou desistir de participar. 

A própria credibilidade da COP30 como fórum “para todos” está em risco se grande parte dos atores mais vulneráveis não conseguir estar presentes. 

2. Infraestrutura e logística deficiente

Apesar da grandiosidade do evento, as condições locais de Belém levantam questionamentos:

A cidade possui desafios preexistentes em áreas como saneamento, transporte público e moradias, o que aumenta o desconforto ou o custo de participar. 

A preparação para receber dezenas de milhares de participantes exige investimentos, mas o cronograma e a adequação das soluções são criticados. 

3. Desconexão entre discurso e prática

As críticas mais estruturais questionam se o próprio formato da COP e a forma como ela é realizada espelham os valores que ela pretende defender. 

Um dos temas é o da “autenticidade”: sediar uma conferência de clima num local que enfrenta graves problemas ambientais internos gera contradição.

A meta de zerar ou reverter o desmatamento global até 2030 — tema central para a COP30 — foi considerada pouco presente, ou com tratamento insuficiente, nas fases preparatórias. 

A COP30 abre num ambiente de urgência — diante de evidências de que os limites climáticos estão próximos e de que o tempo para agir se esgota. No entanto, os desafios logísticos, de inclusão e de credibilidade que cercam o evento podem comprometer sua capacidade de gerar avanços reais.

Para que a conferência não se transforme apenas em mais uma reunião simbólica, e tenha êxito, será preciso que os compromissos firmados aí se traduzam rapidamente em medidas concretas — e não apenas atrair olhares para a Amazônia, mas também garantir que a participação seja ampla, acessível e efetiva — e que o legado transcenda os holofotes e reverta em benefícios concretos para a região e para os que mais sofrem com as mudanças climáticas.

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